O fervor patriótico se intensifica na Rússia a cada dia que se aproxima do Dia da Vitória, celebrado em 9 de maio. As ruas de Moscou se vestem de vermelho, com bandeiras gigantes em cada esquina. Ônibus, caminhões de lixo e até tratores ostentam referências à data histórica. No coração da capital, a Praça Vermelha se prepara para receber um desfile militar colossal, com tropas, tanques e lançadores de mísseis.

Mas o que torna este 79º aniversário da vitória sobre a Alemanha Nazista tão especial? A resposta pode ser resumida em três Ps: dor, orgulho e propaganda.

Dor: A Memória dos 27 Milhões de Vidas Perdidas

A dor da Segunda Guerra Mundial ainda ecoa na Rússia, onde o conflito ceifou a vida de cerca de 27 milhões de cidadãos soviéticos. Uma tragédia coletiva de proporções monstruosas que tocou praticamente todas as famílias e que ainda hoje se faz sentir.

Orgulho: A Glória do Passado e a Perseguição de Reconhecimento

Ao mesmo tempo, o Dia da Vitória é um momento de imenso orgulho para o povo russo. Foi um período em que a União Soviética, ao lado dos Aliados, se ergueu como uma das potências mundiais. No entanto, muitos russos sentem que esse status não é devidamente reconhecido pelo Ocidente, e o desfile serve como um lembrete de seu poder e glória passados.

Propaganda: Entrelaçando Duas Guerras para Justificar a Invasão da Ucrânia

Neste ano, porém, a atmosfera do Dia da Vitória parece ainda mais carregada, e por um motivo específico: propaganda. O Kremlin utiliza a memória da Segunda Guerra Mundial para moldar a opinião pública sobre o conflito atual na Ucrânia, conhecido oficialmente como “operação militar especial”.

Unidades militares envolvidas na “operação” participarão do desfile, e no Parque da Vitória em Moscou, uma exposição intitulada “Troféus” ostenta tanques e veículos blindados ocidentais capturados no campo de batalha da Ucrânia. Guias oferecem tours em inglês e chinês, propagando a narrativa oficial do governo.

“A História se Repete”: A Manipulação da Memória e a Justificativa da Invasão

A ideia central da propaganda é fundir os dois conflitos – a Segunda Guerra Mundial e a “operação militar especial” – na mente do povo russo, fazendo com que os percebam como lutas semelhantes, onde o heroísmo e o sacrifício levarão à vitória. A mensagem subjacente é clara: a Rússia está no lado certo da história, defendendo sua independência e combatendo o mal ocidental.

E a estratégia parece estar funcionando. “Acho que isso não está sendo mostrado tanto para nós, mas sim para o Ocidente”, comenta Sergey, referindo-se ao slogan da exposição: “A história se repete”. “Eles precisam aceitar nossa força e nosso direito de ser independentes, em vez de todos dançarem ao som da música deles.”

Um Lembrete Inquietante da Manipulação da História

Em meio ao fervor patriótico e às celebrações do Dia da Vitória, é crucial lembrar que a história não se repete de forma simples. A manipulação da memória e a propaganda podem ser ferramentas perigosas que distorcem a realidade e justificam atos de agressão. O Dia da Vitória na Rússia, em 2024, serve como um lembrete inquietante do poder da propaganda e da importância de se manter crítico e vigilante em tempos de guerra e paz.

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