Na última quarta-feira (11), uma ação conjunta da Polícia Federal e do Ministério do Trabalho e Emprego resultou no resgate de dois trabalhadores que se encontravam em condições análogas à escravidão na Fazenda Primavera, localizada nas proximidades da Terra Indígena Apyterewa, em São Félix do Xingu, no estado do Pará.
A propriedade em questão pertence a Wanderley Dias Vieira (PSD), vice-prefeito de Tucumã (PA), que, no momento da operação, não estava presente no local. Em decorrência dos fatos, a Polícia Federal iniciou uma investigação, enquanto os auditores do Ministério do Trabalho notificaram o político, exigindo a apresentação de diversos documentos.
Vale ressaltar que o proprietário, Wanderley Vieira, é também o acionista majoritário do Hospital e Maternidade Santo Agostinho, localizado em Tucumã, que enfrenta pendências com a União, incluindo uma dívida tributária de R$ 377 mil, dos quais R$ 294 mil correspondem a débitos previdenciários relacionados aos trabalhadores da empresa.
Segundo os registros do Tribunal Superior Eleitoral, Vieira declarou possuir um patrimônio de R$ 1,1 milhão, que inclui 50% das cotas do Hospital e Maternidade Santo Agostinho, uma área de terra (sem especificação sobre ser a Fazenda Primavera), equipamentos hospitalares e uma conta poupança com R$ 146 mil.
No desdobramento dessa operação, a Polícia Federal também deteve um homem de 32 anos, identificado apenas pelas iniciais E.N.L., com seis mandados de prisão em aberto, todos expedidos pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ) por acusações de roubo. Há um ano, esse indivíduo trabalhava na Fazenda Primavera, exercendo funções de vaqueiro e tratorista.
O Brasil de Fato procurou Wanderley Vieira para obter seu posicionamento sobre o ocorrido, permanecendo aberto a receber sua resposta.
Desintrusão
Desde o dia 2 de outubro deste ano, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), em conjunto com os Ministérios da Justiça, da Defesa, do Desenvolvimento Agrário e o Incra, está conduzindo a Operação de Desintrusão das Terras Indígenas Apyterewa e Trincheira Bacajá, que foram homologadas em 2007 e 1996.
Essa operação tem o objetivo de remover todas as pessoas não indígenas das terras, possibilitando que elas sejam devolvidas integralmente às comunidades indígenas. Até o momento, a desintrusão tem ocorrido de maneira pacífica, sem resistência por parte dos invasores.
É importante destacar que o território habitado pelo povo Parakanã foi uma das Terras Indígenas mais desmatadas do Brasil durante os anos do governo Jair Bolsonaro (PL), conforme dados de satélite do Imazon.