O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, recebeu críticas contundentes enquanto exaltava as linhas de metrô privatizadas da capital paulista em uma coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (3). Essa defesa fervorosa ocorreu em meio a uma greve conjunta dos trabalhadores do Metrô, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
“Quais linhas estão operando hoje? Aquelas que foram transferidas para a iniciativa privada. Essas linhas não estão deixando os cidadãos na mão”, afirmou o governador, referindo-se às linhas 4, 5, 8 e 9.
Entretanto, apenas nos primeiros quatro meses deste ano, as linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, ambas operadas pela ViaMobilidade, registraram 16 falhas que afetaram os cidadãos trabalhadores de São Paulo. Tais falhas incluíram dois descarrilamentos, ocorridos em janeiro e março, nas estações Julio Prestes e Lapa, respectivamente. Em contraste, as linhas públicas, sob a administração da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), sofreram apenas cinco falhas no mesmo período, nas linhas 7-Rubi, 10-Turquesa, 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade.
Tarcísio de Freitas, no entanto, continua a buscar a privatização de todas as linhas da CPTM durante seu mandato, inclusive as linhas 10, 11, 12 e 13, apesar das críticas e dos problemas recorrentes. Em resposta, Camila Lisboa, presidenta do Sindicato dos Metroviários de SP, destacou que o governador parece desconhecer a realidade do transporte público em São Paulo.
As linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda foram concedidas ao Consórcio ViaMobilidade por 30 anos em 2021, durante a gestão do ex-governador João Doria (PSDB). Antes disso, a ViaMobilidade já operava a linha 5-Lilás de Metrô e a linha 17-Ouro de monotrilho de São Paulo. De acordo com Lisboa, as linhas eram elogiadas antes da privatização, mas agora enfrentam sérios problemas e têm uma taxa de aprovação significativamente menor.
Outro estudo revela que, de janeiro de 2022 a janeiro de 2023, ocorreram 132 falhas nas linhas de trens operadas pela ViaMobilidade, um aumento substancial em relação ao último ano de operação da empresa pública CPTM, que registrou apenas 19 falhas. Essas falhas resultaram em multas significativas e levaram o Ministério Público de São Paulo a solicitar o rompimento da concessão, alegando descumprimento dos acordos contratuais.
Tarcísio de Freitas se recusa a aceitar o rompimento da concessão e argumenta que os investimentos adicionais resolverão os problemas. No entanto, as críticas continuam a crescer à medida que os problemas persistem, e a população espera soluções para melhorar o transporte público na cidade.