Só o Campesinato Pode Combater a Fome no Brasil

0
59

Afirma Representante do MPA

No Dia Mundial da Alimentação e da Luta pela Soberania Alimentar, marcado em 16 de outubro, foi realizada uma entrevista com Saiane Santos, representante da direção estadual do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Saiane, uma voz engajada na defesa da agricultura familiar e na busca por uma alimentação saudável, lançou luz sobre questões cruciais que permeiam a mesa de todos os brasileiros.

Neste momento em que o Brasil volta a enfrentar a fome, Saiane destacou os caminhos apontados pelos movimentos sociais camponeses para combater a fome na Bahia e no Brasil. O MPA e a Via Campesina têm demarcado outubro como um mês de Luta em Defesa da Soberania Alimentar e Contra as Empresas Transnacionais. Em 2023, o MPA está realizando sua jornada de luta com o lema “MPA e luta por direito, terra e soberania alimentar”. Eles estão promovendo uma série de atividades em diversos estados, buscando dialogar com a sociedade sobre a importância do campesinato e a produção de alimentos.

Saiane enfatizou que a fome é estrutural e uma consequência do modelo capitalista que gera desigualdades sociais e concentra riquezas. A solução para a fome, segundo ela, reside na produção de alimentos saudáveis, de qualidade, na reforma agrária, na demarcação dos territórios indígenas e na criação de mecanismos para o abastecimento popular. As experiências do MPA, como o Mutirão Contra a Fome, demonstram que é possível construir uma rede de produção e distribuição de alimentos saudáveis, impulsionando feiras e mercados populares de alimentos.

Na entrevista, Saiane Santos desmistifica o papel do agronegócio no combate à fome. Ela argumenta que o agronegócio, frequentemente apresentado como a solução para a fome, na verdade, não produz alimentos, mas commodities para exportação. A agricultura familiar camponesa é responsável por mais de 70% dos alimentos nas mesas dos brasileiros. O agronegócio, com sua concentração de terras e recursos, perpetua desigualdades sociais e econômicas.

Outro ponto abordado foi o impacto das mudanças climáticas na produção de alimentos. O aumento das temperaturas tem provocado secas intensas em algumas regiões e excesso de chuvas em outras, levando a perdas de safra e aumento nos preços dos alimentos. Além disso, as mudanças climáticas contribuem para a contaminação dos alimentos por agrotóxicos e o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados.

Saiane também explicou a diferença entre segurança alimentar e soberania alimentar, um conceito defendido pelo MPA e outros movimentos. Enquanto a segurança alimentar se concentra em ter comida no prato, a soberania alimentar vai além, envolvendo alimentos saudáveis, cultura, hábitos alimentares, sistemas locais e respeito à natureza. A soberania alimentar significa ter alimentos de qualidade em quantidade suficiente, produzidos de maneira diversificada e respeitosa com o meio ambiente.

Finalmente, Saiane ressaltou a importância da juventude do campo na construção da soberania alimentar e no combate à fome. O Acampamento da Juventude Camponesa em Brasília é um espaço onde milhares de jovens camponeses se reúnem para discutir formação, reafirmação da juventude camponesa e a importância da luta pela soberania alimentar, reforma agrária e demarcação dos territórios indígenas e quilombolas.

Esta entrevista com Saiane Santos destaca a relevância da agricultura familiar e da soberania alimentar na busca por soluções concretas para o problema da fome no Brasil. Ela desmistifica o papel do agronegócio e ressalta a necessidade de uma abordagem mais abrangente e sustentável na produção e distribuição de alimentos. Em tempos de desafios climáticos e sociais, a voz do campesinato se ergue como um farol de esperança, apontando o caminho para um futuro alimentar mais justo e saudável.

O que você achou disso?

Clique nas estrelas

Média da classificação 0 / 5. Número de votos: 0

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.



Deixe uma resposta