O cenário internacional presencia um novo capítulo de tensões, à medida que o Parlamento russo dá início ao processo para revogar a ratificação do Tratado de Proibição Completa dos Testes Nucleares (CTBT). Sob a liderança do presidente da câmara baixa, Vyacheslav Volodin, Moscou lança um alerta claro aos Estados Unidos, sugerindo que o abandono total do pacto não está fora de cogitação.
O motivo declarado para essa ação é a busca da Rússia por restaurar a igualdade no acordo com os EUA, que, embora tenham assinado o tratado em 1996, nunca o ratificaram. O Kremlin estabelece uma condição clara: não retomará os testes nucleares a menos que Washington dê o primeiro passo.
Entretanto, especialistas em controle de armas atômicas estão apreensivos diante da possibilidade de a Rússia estar se aproximando de um teste nuclear. Esse movimento poderia desencadear uma nova era de tensões entre as grandes potências nucleares, com implicações globais significativas.
A Duma, a câmara baixa do Parlamento russo, aprovou a retirada da ratificação por unanimidade, com 412 votos a favor e nenhum contra. O cenário de unanimidade reflete a gravidade dessa decisão e o apoio considerável que ela recebe no país.
O presidente da Câmara, Vyacheslav Volodin, enfatizou que a ação russa é uma resposta à abordagem “grosseira” dos EUA em relação a seus deveres de segurança global. Ele afirma que a segurança de seus cidadãos é a principal prioridade e que as próximas etapas da Rússia em relação ao tratado serão determinadas de acordo com seus interesses nacionais.
Volodin revelou que os EUA solicitaram, por meio da Organização das Nações Unidas, que a Rússia não revogasse a ratificação. No entanto, a decisão de Moscou é vista como um lembrete contundente após 23 anos de espera pela ratificação norte-americana, que finalmente não se concretizou. A Rússia, por sua vez, ratificou o tratado em 2000.
O presidente russo, Vladimir Putin, em uma declaração datada de 5 de outubro, deixou em aberto a possibilidade de a Rússia retomar os testes nucleares, respondendo aos apelos de especialistas em segurança e parlamentares russos que defendem a realização de um teste como um aviso ao Ocidente.
É fundamental observar que, com exceção da Coreia do Norte, nenhum país realizou testes nucleares com explosões no século atual. A Rússia pós-soviética nunca conduziu um teste nuclear, enquanto a União Soviética o fez pela última vez em 1990 e os Estados Unidos em 1992.
A situação atual coloca a Rússia no epicentro das discussões globais sobre o futuro da segurança nuclear e a manutenção do equilíbrio de poder entre as superpotências. À medida que essa saga se desenrola, o mundo aguarda com apreensão, com lembranças amargas das consequências do uso da energia nuclear no passado.