Empresa pública utiliza lucros das grandes cidades para investir em áreas menos rentáveis
A iniciativa do governador Romeu Zema (Novo) de privatizar a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) está gerando preocupações significativas em relação ao impacto potencial nos municípios de pequeno porte e nas áreas rurais do estado.
A Copasa, sendo uma empresa pública, tem o compromisso de fornecer água e saneamento para os lares mineiros. Isso se traduz em um sistema de subsídio cruzado, onde os lucros obtidos nas grandes cidades são reinvestidos em regiões menos rentáveis, frequentemente representadas por pequenas cidades e áreas rurais.
Além de gerar um lucro significativo, próximo a R$ 250 milhões no primeiro trimestre deste ano, a empresa tem um histórico de promover o desenvolvimento nessas regiões. Em maio deste ano, por exemplo, lançou o programa “Universaliza Minas”, que prevê aproximadamente R$ 280 milhões em obras de saneamento em mais de 330 pequenas cidades de Minas Gerais, beneficiando cerca de 220 mil moradores da zona rural.
Além disso, a Copasa oferece tarifas sociais e descontos de até 40% nas contas de água para famílias de baixa renda. Essas iniciativas são fundamentais para garantir o acesso digno e acessível ao saneamento básico.
No entanto, com a privatização, especialistas alertam que esses programas e investimentos podem estar em risco. Municípios que já possuem serviços de saneamento privados muitas vezes enfrentam precarização e tarifas elevadas.
A venda da Copasa enfrenta forte resistência em algumas áreas. Em julho deste ano, a Câmara Municipal de Rio Piracicaba enviou um ofício à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) manifestando repúdio às propostas de privatização da Copasa e da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). O município, que possui apenas 14.631 habitantes, seria um dos prejudicados com o fim do subsídio cruzado.
A Copasa também está envolvida em iniciativas sociais, incluindo programas de conscientização sobre saneamento em escolas públicas e projetos de preservação ambiental de nascentes, contribuindo significativamente para o bem-estar das comunidades onde atua.
