Em uma reviravolta inesperada, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou que o momento atual não é apropriado para discutir eleições presidenciais no país. A votação estava programada para março de 2024, mas a vigência da lei marcial impede constitucionalmente a realização das eleições.
Zelensky, em um discurso feito na última segunda-feira (6), destacou que durante tempos de guerra, inúmeros desafios se apresentam. Ele argumentou que levantar a questão das eleições neste cenário seria “absolutamente irresponsável”. O presidente enfatizou a necessidade de respostas concretas por parte das estruturas e autoridades diante das tarefas críticas que a Ucrânia enfrenta.
Ele acrescentou: “A hora é de defesa, uma batalha que determinará o destino do nosso Estado e do nosso povo. Não é o momento para demandas que apenas a Rússia espera da Ucrânia. Acredito que agora não é o momento para eleições. Se for preciso resolver desentendimentos políticos e manter a unidade, o Estado possui mecanismos para isso, fornecendo respostas completas à sociedade e evitando conflitos ou jogos de terceiros contra a Ucrânia.”
Esse posicionamento contrasta com a declaração do ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitry Kuleba, que, na última sexta-feira (3), mencionou que Zelensky estava considerando a possibilidade de realizar as eleições presidenciais no segundo semestre de 2024.
A Constituição ucraniana impede a realização de eleições devido à vigência da lei marcial, que foi estendida até 15 de novembro em decorrência do conflito iniciado pela Rússia. Zelensky também observou as complexidades financeiras associadas às eleições, mencionando que, em tempos de paz, seriam necessários US$ 5 bilhões, e os observadores teriam que se deslocar para as áreas de conflito onde os militares votariam.
Entretanto, potenciais adversários de Zelensky já começaram a se mobilizar. Alexey Arestovich, ex-conselheiro do chefe de gabinete do presidente ucraniano, manifestou sua intenção de concorrer à presidência. Ele promete buscar a paz com a Rússia e exige que os países ocidentais aceitem a entrada da Ucrânia na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) com base nas fronteiras controladas pelas autoridades ucranianas no momento da adesão.
Arestovich, sendo o único político a declarar abertamente sua candidatura contra Zelensky, também se compromete a buscar a recuperação das regiões ocupadas pela Rússia apenas por meios políticos, sem recorrer à força militar. Ele critica o sistema de governo ucraniano, que, em sua visão, atingiu seus limites e coloca a política interna, externa e militar em rota de colisão com os interesses da Ucrânia.