Presidente do Banco Central Admite Taxa de Juros Elevada em Audiência no Congresso

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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reconheceu nesta quarta-feira (27) em uma audiência na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados que a taxa básica de juros da economia brasileira, conhecida como Selic, está em um patamar mais elevado do que o desejado. Essa admissão ocorreu horas antes de seu aguardado encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seu terceiro mandato.

A reunião entre Campos Neto e Lula estava marcada para as 17h30. Lula já havia criticado o presidente do Banco Central devido à alta Selic. Vale lembrar que Campos Neto foi indicado ao BC pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

No momento, a taxa Selic no Brasil está em 12,75% ao ano, tendo diminuído 1 ponto percentual desde agosto. Mesmo assim, de acordo com o próprio Campos Neto, o Brasil possui a segunda maior taxa de juros real (descontada a inflação) do mundo, atrás apenas do México.

Essa elevada taxa de juros prejudica os investimentos, uma vez que encarece empréstimos e financiamentos, impactando negativamente o crescimento econômico.

Na audiência na Câmara, Campos Neto afirmou: “De fato, os juros no Brasil são altos. Gostaria que fossem mais baixos.” Ele possui voto no Comitê de Política Monetária (Copom), responsável por definir o nível da Selic.

Durante sua apresentação, Campos Neto argumentou que a Selic no país está elevada devido ao controle da inflação causada pela pandemia de COVID-19. Historicamente, é alta devido à dívida pública brasileira ser mais elevada e à taxa de poupança ser mais baixa em comparação com outros países emergentes, o que aumenta o risco dos títulos da dívida.

Sobre a dívida pública, Campos Neto destacou que o controle dos gastos públicos contribuirá para a redução da taxa básica de juros. Ele apoiou a meta do governo de eliminar o déficit fiscal até 2024.

Esses argumentos foram criticados pelo deputado federal Lindbergh Farias (PT), autor do requerimento para a audiência com Campos Neto na Câmara dos Deputados. Lindbergh alegou que o Banco Central está tentando assumir o papel do governo ao estabelecer regras para os gastos públicos, algo que não está sob sua jurisdição. Ele afirmou: “Parece que você se acha presidente da República”.

O deputado também questionou a relação de Campos Neto com banqueiros e sugeriu que ele deveria se reunir mais frequentemente com congressistas e representantes do setor produtivo para obter opiniões sobre a taxa de juros do país. Campos Neto respondeu que está aberto a receber qualquer pessoa que solicite uma reunião e que o BC está buscando formas de aumentar a transparência de suas reuniões com diretores.

Após as críticas de Lindbergh, Campos Neto reforçou que trabalha em parceria com o governo federal em prol da melhoria da economia nacional.

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