Em um capítulo que promete agitar ainda mais o cenário político, a Procuradoria-Geral da República (PGR) encaminhou uma manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF), sustentando a necessidade de uma investigação aprofundada pela Polícia Federal acerca das generosas doações por Pix feitas ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Nesse financiamento sem precedentes, Bolsonaro arrecadou cerca de 17 milhões de reais, provenientes de uma “vaquinha” organizada por seus apoiadores. No entanto, as suspeitas sobre a origem desses recursos lançaram uma sombra sobre a transação. Acredita-se que tais valores possam ter ligações com o financiamento de milícias digitais e outros atos que desafiam a democracia. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) já classificou essa movimentação como atípica.
O pedido de investigação que chegou ao STF foi uma iniciativa dos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Fabiano Contarato (PT-ES) e Jorge Kajuru (PSB-GO), além da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ). Eles alegam que Bolsonaro teria cometido crimes contra a economia popular e estelionato.
A PGR argumenta que o pedido de investigação não estaria no âmbito correto, destacando que o caso se enquadra na competência da Polícia Federal, não do STF. Agora, a decisão sobre o rumo dessa investigação recai sobre o ministro Alexandre de Moraes.
Em um trecho do documento da PGR, destaca-se: “Mostra-se relevante o encaminhamento da representação à Polícia Federal para apurar se as informações prestadas nesta representação efetivamente possuem conexão com o objeto destes autos [milícias digitais]. Em especial se as transações atípicas, noticiadas pelo Coaf à mencionada CPMI, foram realizadas por doadores envolvidos na organização criminosa investigada nestes autos.”
A PGR também critica o “caráter midiático” de apresentar diretamente ao STF esse tipo de pedido, salientando que tais solicitações deveriam passar pelo Ministério Público antes.
Enquanto isso, a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro continua a afirmar que as doações de seus apoiadores são legais. Em um comunicado, repudiam o que chamam de “vazamento seletivo” de informações pessoais de Bolsonaro e prometem tomar “as providências criminais cabíveis para apuração da autoria da divulgação de tais informações.”