A cidade tranquila de Heihe, na fronteira entre a China e a Rússia, é mais conhecida por sua vista da cidade russa de Blagoveshchensk do outro lado do rio do que por turistas. Recentemente, nossos repórteres exploraram a região e descobriram um cenário interessante.
Em um dia tranquilo, os barcos turísticos tentam atrair visitantes com músicas alegres, mas a falta de passageiros faz com que permaneçam ancorados. Do lado russo, oficiais da guarda costeira realizam exercícios ao sol de outono em seu navio.
No entanto, o que realmente chama a atenção é a relação entre Rússia e China. Quando Vladimir Putin e Xi Jinping anunciaram uma parceria “sem limites” entre seus países, houve muita expectativa. A cooperação diplomática entre as duas nações serve como uma demonstração de poder ao mundo, com apertos de mão calorosos e compromissos visíveis.
No entanto, apesar das retóricas políticas, a atividade empresarial nas zonas fronteiriças não parece estar à altura. A nova ponte entre Blagoveshchensk e Heihe, celebrada como um marco no comércio transfronteiriço, está notavelmente subutilizada. Os centros comerciais estão fechados devido à falta de patrocínio, e os vendedores tentam sobreviver vendendo mercadorias russas nos fundos de seus carros.
Enquanto alguns culpam a pandemia e a escassez de turistas, outros apontam para as tarifas russas sobre produtos chineses como um obstáculo ao comércio. No entanto, a China auxilia a Rússia, direcionando gás natural russo para sua província de Heilongjiang e promovendo o esforço de guerra de Putin entre o público chinês.
A população chinesa em Heilongjiang apoia a iniciativa russa, alinhando-se com a narrativa estatal de uma operação russa para contrariar as tendências expansionistas da OTAN e dos Estados Unidos, em vez de uma invasão na Ucrânia.
No entanto, a eficácia dessa estratégia de propaganda é evidente nas ruas de Harbin, onde as origens russas foram gradualmente apagadas pelo tempo. Os locais elogiam Putin como um líder responsável e Xi Jinping pelo fortalecimento da aliança sino-russa.
Os benefícios mútuos dessa parceria são evidentes, com a China e a Rússia alinhando-se contra o Ocidente e fortalecendo sua cooperação em projetos como a Iniciativa Cinturão e Rota de Xi Jinping. No entanto, o comércio bilateral entre os dois países ainda tem um longo caminho a percorrer para se igualar ao com o Ocidente, demonstrando que a retórica política nem sempre se traduz em prosperidade econômica na fronteira sino-russa.
