O Papa Francisco, em um novo texto intitulado “Laudate Deum”, alertou que o mundo está à beira do colapso devido às mudanças climáticas e instou ações imediatas para enfrentar essa crise global.
Oito anos após a publicação de sua encíclica ecológica “Laudato Si” e às vésperas de uma nova rodada de negociações climáticas da ONU (COP28) em Dubai, o Papa argentino destacou que as reações contra o aquecimento global são insuficientes “enquanto o mundo que nos acolhe está desmoronando e talvez se aproximando de um ponto de ruptura”.
Francisco criticou aqueles que tentaram minimizar a gravidade dessa situação e exigiu uma transição energética “vinculante” que possa ser rigorosamente monitorada. A COP28 está agendada para ocorrer de 30 de novembro a 12 de dezembro em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, um importante produtor de hidrocarbonetos, uma escolha que gerou críticas por parte de ambientalistas.
O Papa Francisco fez um apelo firme para que o encontro seja usado como uma oportunidade para garantir “compromissos efetivos” na luta contra as mudanças climáticas. Ele também criticou aqueles que, nos últimos anos, “tentaram zombar” dos impactos devastadores do aquecimento global, que incluem secas, inundações e tufões, afetando de forma particularmente intensa os países mais vulneráveis.
“Se houver um interesse sincero em tornar a COP28 histórica (…) cabe esperar apenas formas vinculantes de transição energética que tenham três características: que sejam eficientes, que sejam obrigatórias e que possam ser facilmente monitoradas”, destacou o Papa Francisco em sua exortação apostólica “Laudate Deum” (“Louvado seja Deus”, na tradução do latim).
O líder religioso enfatizou a necessidade de mitigar as atividades que causam mudanças climáticas, em oposição à adaptação aos seus efeitos já consumados. Ele se posicionou a favor de uma transição mais rápida para energias limpas, como eólica e solar, abandonando os combustíveis fósseis.
“Corremos o risco de ficarmos presos na lógica de corrigir, colocar remendos, amarrar com arame, enquanto sob a superfície avança um processo de deterioração que continuamos alimentando. Supor que qualquer problema futuro poderá ser resolvido com novas intervenções técnicas é pragmatismo homicida, como chutar uma bola de neve para frente”, argumentou.
Francisco alertou sobre a falta de ações adequadas diante do desmoronamento do mundo que nos acolhe e encorajou o multilateralismo “a partir de baixo”, no qual “os lutadores dos mais diversos países” pressionam “os fatores de poder”.
O Papa escolheu uma data simbólica para publicar sua exortação apostólica, coincidindo com o dia de São Francisco de Assis, o santo que, segundo a tradição, falava com os animais e é referido no início do texto.