O NEGRO NAS CIÊNCIAS

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O NEGRO NAS CIÊNCIAS

Um dos mais importantes pensadores do Brasil, o Professor Milton Santos, dizia:

“O modelo cívico brasileiro é herdado da escravidão, tanto o modelo cívico cultural como o modelo cívico político. A escravidão marcou o território, marcou os espíritos e marca ainda hoje as relações sociais deste país”.

As ideias revolucionárias do geógrafo Milton Santos renderam-lhe, entre um punhado de láureas pela vida, o Prêmio Internacional de Geografia Vautrin Lud em 1993 – espécie de Nobel dessa ciência. O professor emérito da Universidade de São Paulo, USP, tinha como uma de suas convicções que os pobres, por conhecerem a “experiência da escassez”, têm de ser necessariamente criativos para sobreviver. Por esse raciocínio, Milton Santos via nos excluídos os legítimos portadores da “visão do real e do futuro”, pois sentem cotidianamente na pele as mazelas da globalização e do neoliberalismo.

Mas, sem sombra de dúvida, André Rebouças foi um dos mais fantásticos personagens da história brasileira. Rebouças era inventor, político, pensador do abolicionismo, monarquista, engenheiro pela Escola Militar, membro da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, do Clube de Engenharia e do círculo de personalidades influentes como o Visconde de Taunay, o Barão do Rio Branco e do próprio Imperador D. Pedro II.

Foi convocado como engenheiro militar durante a Guerra do Paraguai e a ele deve-se a criação de um dos artefatos militares mais utilizados nos últimos dois séculos: o torpedo. Outras obras que André Rebouças realizou e que lhe conferiram projeção como engenheiro foram as ligadas ao plano de abastecimento de água na cidade do Rio de Janeiro, durante a seca de 1870, a construção das docas da Alfândega, onde permaneceu de 1866 até a sua demissão, em novembro de 1871, e a das docas D. Pedro II.

CELEBRAR A ABRANGENTE E DEFINITIVA HERANÇA AFRICANA NA FORMAÇÃO DO BRASIL

O site da TV Brasil abre um espaço para debater a questão dos negros e negras e mostrar a importância da cultura africana na construção do nosso país, em seus mais diferentes aspectos.

Com a exibição de reportagens, documentários, shows, filmes e entrevistas, em um panorama diversificado e consistente do assunto, a TV Brasil cumpre seu papel de emissora pública, divulgando informações de amplo interesse e relevância.

O Dia Nacional da Consciência Negra é comemorada na data de morte de Zumbi dos Palmares, 20 de novembro, para quem o mais importante era viver livre e libertar os negros ainda escravos do Brasil.

O NEGRO NA FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO

Os negros e negras viam para o Brasil como escravos/as, mas ao longo da Colônia e Império muitos/as compraram suas alforrias ou simplesmente fugiam formando os milhares de quilombos, dos quais o mais famoso foi de Palmares, os remanescentes desta população que prefiriam a liberdade – os quilombolas – estão contando esta história nos dias atuais.

Foram cerca de 4 milhões de africanos trazidos para o Brasil pelo tráfico de escravos, sendo 1,5 milhão na sua última fase, entre 1800 e 1850. Calcula-se que, por volta de 1800, os mestiços (mulatos e caboclos) já representavam de 20% a 30% da população total. Com estes números, é possível ter a dimensão do que foi a presença o negro para a sociedade brasileira. Em 1860, eram 45% da população brasileira. Logo após a guerra do Paraguai, 15 anos depois, esse índice caiu para apenas 15%.FONTE? No mesmo período, os brancos quase duplicaram sua participação na sociedade brasileira, devido a imigração de europeus, italianos, portugueses, espanhoís e alemães a partir de 1870.

Desde o fim do século XIX até o início dos anos 1930, era comum, entre intelectuais brasileiros, culpar negros, mestiços e índios pelo atraso do país. O embranquecimento da população ocorrido no último quartel do século XIX não foi à toa, muitos pensavam que só assim o Brasil seria uma nação competitiva com as demais potências brancas da época.

A ORIGEM DA HERANÇA AFRICANA NO BRASIL

A importância da cultura negra se explicita no cotidiano dos nossos falares, gestos, movimentos e modos de ser que atuam de tal maneira que deles, muitas vezes, nem se tem consciência. E é isso que caracteriza a cultura viva de um povo.

Os primeiros grupos de negros desembarcaram na Bahia por volta de 1550. Eram de origem banto e procediam, em sua maioria, dos Reinos do Congo, N’dongo e Benguela.

Trouxeram um riquíssimo patrimônio civilizatório, transmitiram e expandiram tradições ancestrais que influenciaram, entre outros, a língua, os costumes, a alimentação, a medicina e a arte no Brasil.

Introduziram métodos agrícolas aperfeiçoados, transplantaram vários produtos que, graças aos seus cuidados, se aclimataram perfeitamente e foram assimilados na culinária de toda a população. Com seus fortíssimos valores coletivos marcaram toda a formação social brasileira.

O NEGRO E A ANCESTRALIDADE NAS ARTES PLÁSTICAS

No campo artístico, podemos destacar Antônio Francisco da Costa Lisboa, o Aleijadinho. Filho de mãe africana e pai português, Aleijadinho nasceu em 1730, em Vila Rica, atual Ouro Preto. Como entalhador, decorou interiores de igrejas de várias cidades mineiras, principalmente em Vila Rica. Excelente escultor, deixando uma série de estátuas que compõem o conjunto do santuário de Bom Jesus, em Congonhas.

Além de Aleijadinho, vários artistas plásticos negros se destacaram através dos tempos. Podemos destacar o escultor Francisco Manoel das Chagas, o Cabra; o cenógrafo, desenhista e caricaturista Crispim do Amaral; o pintor José Teófilo de Jesus; o pintor Estevão Roberto da Silva; o taipeiro Joaquim Pinto de Oliveira Thebas; o desenhista, gravador e escultor José da Paixão; o artista plástico Gabriel Joaquim dos Santos; o entalhador Agnaldo Manoel dos Santos e o escultor Valentim da Fonseca e Silva, o Mestre Valentim, entre tantos outros.

O NEGRO E A ANCESTRALIDADE MUSICAL

lundu é uma canção originada nas danças africanas, que tem, por isso, um caráter rítmico, cadenciado e um sentido mais sensual. Há ainda a congada, o jongo, o semba, a umbigada e etc. Todos eles são considerados ancestrais da música popular brasileira, juntamente com a modinha, que é um ritmo europeu.

No começo do século XX, os negros pobres – recém-libertos, moradores de cortiços no Rio de Janeiro – continuaram exercitando seus batuques e rodas de capoeira. Aconteciam os pagodes nas célebres festas nas casas das tias baianas (a mais famosa é a Tia Ciata, no Rio de Janeiro), depois dos ritos de devoção aos orixás. O Carnaval cresceu em importância e incorporou os desordenados blocos dos negros, com suas batucadas, e os ranchos organizados pelos mestiços, que se agruparam em corporações profissionais nas quais se desenvolve a marcha-rancho.

Ernesto dos Santos, o Donga, registrou o samba carnavalesco ‘Pelo Telefone’ em 1917. Apesar de estar musicalmente mais próxima de um maxixe, a composição marca, ao mesmo tempo, o começo da profissionalização na música popular e o nascimento oficial do samba. Também é de 1917 a primeira gravação de uma canção de Pixinguinha, um dos mais importantes compositores populares do país, tanto de canções como de música instrumental. Ele estabelece as bases da música popular, particularmente do choro, e dá início a uma linguagem orquestral brasileira. Outros nomes ligados à criação e ao amadurecimento do samba são Caninha (João Lins de Moraes) e João da Baiana (João Machado Guedes).

Durante a década de 1920 e 1930 dá-se a estruturação do samba – até então muito ligado musicalmente ao maxixe – e consolidam-se as bases para praticamente todos os outros movimentos musicais. O aparecimento e a grande expansão do rádio possibilitam o surgimento dos primeiros ídolos populares. São inúmeros os compositores e intérpretes negros que despontam nesse período. Sinhô (1888-1930), o rei do samba; Ismael Silva, que dá forma definitiva ao gênero; Lupicínio Rodrigues, o compositor das grandes dores de amor, com obras como ‘Nervos de aço’, imortalizada na versão de Paulinho da Viola.

HERÓIS NEGROS DA GUERRA DO PARAGUAI

As famílias brancas, receosas que seus filhos morressem na guerra do Paraguai, enviaram seus escravos no lugar deles, para os campos de batalha. Assim, mesmo com toda discriminação, a participação do negro nesta guerra foi tão importante para o Brasil que alguns deles voltaram das batalhas como heróis.

Dentre os heróis negros da Guerra do Paraguai podemos destacar: Cesário Alves da Costa, que demonstrou bravura na tomada do Forte Curuzu e foi promovido a sargento, fato raro no sistema escravocrata.

Outro negro promovido foi Antonio Francisco de Melo, da Marinha. Melo se destacou tanto em batalhas como do Riachuelo, que começou a guerra como cadete, passou a sargento e chegou a capitão, quando foi afastado do comando das batalhas. Seu batalhão era todo formado por negros.

Marcílio Dias também ficou famoso por sua bravura. Foi ferido e morto na batalha do Riachuelo ao negar a rendição do seu barco, Parnhayba, e enfrentar quatro inimigos numa sangrenta batalha.

Alguns casos chegaram ao terreno do lendário e mitológico. Um deles fala de um negro chamado Jesus que executou o toque de avançar com sua corneta presa apenas entre os lábios, pois estava com os braços mutilados.

MULHERES NEGRAS DO BRASIL IMPERIAL

As mulheres negras tiveram papel fundamental na luta abolicionista brasileira e na preservação da cultura africana. Nas sociedades africanas, as mulheres tinham um status diferente das européias, pois faziam algumas as tarefas relacionadas aos rituais religiosos que não eram permitidos as mulheres em outras religiões.

Na história do Brasil, ressalta a figura emblemática da escrava Chica da Silva. Mulher de temperamento forte, que foi esposa do rico contratador de diamantes João Fernandes e participava ativamente da vida cultural do Arraial de Tejuco (Diamantina, MG). Construiu salas de espetáculo para a apresentação de artistas conceituados da época e organizou uma escola de pintores. Ajudou na construção do Convento de Macaúbas, onde educou nove filhas. Entre os seus filhos, há um desembargador, um naturalista, um padre e uma freira.

Outra história que deve ser lembrada é da escrava Anastácia, mulher bonita e desejada pelos feitores, que foi de encontro ao seu destino ao recusar os convites amorosos de seus senhores. Ela não acreditava que ninguém pudesse ser senhor de seu corpo, foi submetida à tortura e à imposição de uma máscara de ferro no rosto que só era retirada para a alimentação. Acabou morrendo, doente, mas virou santa para a população pobre que reconhece nela o surgimento de muitos milagres.

As mulheres cativas, apesar de estarem inseridas, como os homens, em tarefas produtivas, tinham também outra função ligada as atividades domésticas.Muitas eram destinadas às necessidades e solicitações da casa-grande, servindo, entre outras atribuições, como objeto sexual e ama-de-leite. Em uma sociedade patriarcal, onde o poder e a vontade dos homens era imperativo e os desejos sexuais no casamento cerceados por regras morais e valores religiosos, as escravas eram obrigadas a satisfazer a libido tanto do senhor quanto de seus filhos, sendo submetidas a todo o tipo de fantasias. As senhoras, por sua vez, sentiam os laços abençoados e sacramentados da família ameaçados por este tipo de prática, tornando-se por vezes tão cruéis quanto os feitores no trato das escravas domésticas.

O QUILOMBO DE PALMARES

O NEGRO NAS CIÊNCIAS

Já no ano de 1572, há revoltas e fugas em massa. Inspirados na resistência comandada pela Rainha Ginga contra os portugueses, um grupo de negros fugitivos se juntaram ao líder Ganga Zumba e, em 1604, subiram a Serra da Barriga (AL), lançando ali as bases do Quilombo dos Palmares, onde habitaram durante todo o século XVII. A história registrou Aqualtune como uma das grandes lideranças desta região.

José Felício dos Santos, em seu livro ‘Ganga Zumba’, assim narra o início do quilombo dos Palmares:

“Ninguém sabe ao certo quando começou a história do rei Zumbi.

Velhos livros contam que, um dia, trinta ou quarenta escravos guinês fugidos de uma fazenda nordestina fundaram um núcleo independente em um outeiro inóspito da serra da Barriga, nas Alagoas, então Capitania de Pernambuco.

Talvez isso tivesse acontecido por volta de 1605.

Mais tarde, com o esparrame da notícia pelos ainda novos engenhos e povoados onde só o que imperava era a prepotência dos brancos, aquele núcleo dos desassombros cresceu rapidamente por via de novas levas oprimidas que principiaram a buscar refúgio naquelas ermas seguranças … Palmares foi uma exceção magnífica, um fruto sublime da sede de libertação que, a par do banzo mortal, atacava os negros mais nobres entregues às contingências do cativeiro, apenas aportados ao Brasil, Cuba e, ocasionalmente, a outros países americanos”.

A LUTA PELA ABOLIÇÃO

O Brasil foi um dos últimos países das Américas (o outro era Cuba) a abolir a escravatura, que só veio em 1888, com a promulgação da Lei Áurea pela Princesa Isabel. Contudo, este projeto só ganhou corpo devido a intensa pressão política praticada pelos abolicionistas: negros, mestiços, ex-escravos sensíveis e solidários à causa, intelectuais que tinham como referencial as doutrinas liberais e evolucionistas. Entre os abolicionistas negros podemos destacar: José do Patrocínio, Luiz GamaAndré Rebouças, além do poeta Cruz e Souza.

O NEGRO NA POLÍTICA

O NEGRO NAS CIÊNCIAS

No campo político os negros tiveram papel de destaque em todas as revoluções brasileiras. Na Conjuração Baiana, que propunha uma nova ordem para o Brasil Colônia: República, igualdade, fraternidade, liberdade, abolição dos escravos, comércio livre entre todos os povos, um salário mais elevado para os soldados, promoção para os oficiais, colaboração entre as classes, fundação de uma igreja brasileira desligada da Cúria romana, etc. Ideias que favoreciam principalmente as classes populares, negros e escravos.

Na lista dos implicados e registrados nos Autos da Devassa da Conjuração Baiana, encontra-se um número significativo de pessoas identificadas como pardos, pardos livres, pardos escravos, escravos, pardos alfaiates e pardos forros.

No período regencial a cena política continuou conturbada. Várias revoltas eclodiram pelo país. Eram províncias querendo maior autonomia, lutas para a implementação da República, insatisfação de proprietários rurais com o governo regencial, levantes populares, além de divergências entre portugueses e brasileiros.

Entre as revoltas da época regencial, podemos destacar a Sabinada (1834-1837 – Bahia); a Guerra dos Farrapos (1835-1845 – Sul do país); a Cabanagem (1835-1840 – Pará); e a Balaiada (1838-1841 – Maranhão).

Na Balaiada e na Cabanagem, a participação de negros foi importante não só em termos numéricos como também em termos de liderança. Na Balaiada, por exemplo, dois dos seus líderes negros vão ter importância fundamental: Raimundo Gomes e Cosme Bento das Chagas.

No final do século XIX e início do XX, outros personagens negros marcaram o pensamento brasileiro. Entre eles: Tobias Barreto, jurista, poeta e filósofo; os filósofos Tito Lívio de Castro e Farias Brito; o romancista Teixeira e Souza; a poetisa Auta de Souza; o psiquiatra Juliano Moreira; o teólogo e poeta Dom Silvério Gomes Pimenta; a romancista Maria Firma dos Reis; e Machado de Assis; entre outros.

Na República Velha e na Nova, o negro continuou sem o acesso pleno à cidadania e sem poder político representativo. Eram discriminados no trabalho e não controlavam o acesso às instituições. Em 1919, houve uma greve geral na Cervejaria Brahma feita pelos condutores de veículos, todos os portugueses que lá trabalhavam ou os brancos de pele foram readmitidos quando finda a reivindicação pelos funcionários. Já com negros, muitos foram demitidos e outros tantos continuaram a receber salário inferior aos demais.

Para a Assembléia Constituinte de 1934 foi eleita deputada classista a datilógrafa Almerinda Gama, operária negra do Rio de Janeiro. Ainda neste ano de 1934, foi eleita também a primeira deputada estadual negra, na ocasião das primeiras eleições em que as mulheres brasileiras puderam votar e serem votadas. Foi uma resposta ao vigoroso movimento feminismo brasileiro, que bravamente havia lutado pelo direito ao voto, Antonieta de Barros foi eleita pelo Partido Liberal Catarinense para a Assembléia Legislativa de Santa Catarina, ela era também jornalista, escritora e educadora.

Em 1975, na segunda onda feminista no Brasil que impulsiona candidaturas de negros e a criação de associações de negros e negras. Porém, uma que se deve ressaltar é Benedita da Silva, a primeira negra a atingir os mais altos cargos da história do Brasil: vereadora; deputada federal constituinte, reeleita para um segundo mandato em 1990; senadora, em 1994, com mais de 2 milhões e 400 mil votos; vice-governadora no pleito de 1998; governadora, em 2002; e autora do projeto que inscreveu Zumbi dos Palmares no panteão dos heróis nacionais.

O NEGRO NOS ESPORTES

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O esporte, segundo cientistas sociais, permitiu que os negros se destacassem. ”É um espaço democrático ao contrário de outros setores da sociedade”, enfatiza o antropólogo César Gordon, integrante do grupo de pesquisa Esporte e Cultura. ”A visão preconceituosa que se tinha do negro vai se invertendo com as conquistas dos atletas negros. Há uma revalorização da população negra, que, no entanto, ainda guarda elementos da teoria racial. Tem-se a ideia de que o negro tem espaço na dança, na música, naquilo que mexe com o corpo, com a ginga. Com o intelecto, não”, completa César. O depoimento do jogador Róbson, que jogou no Fluminense na década de 50, dá bem a noção do que é isso: ”Já fui negro e sei o que é isso”. Ele se referia ao preconceito de antes do sucesso, quando ainda ”era negro”; depois de receber aplausos das multidões, por seu talento, passou a sentir-se ”branco”.

Ídolo de um esporte que une, no Brasil, sob a mesma paixão, 30 milhões de praticantes de todas as cores, credos, pensamentos, idéias, Pelé retrata o exemplo de negro bem-sucedido que venceu na vida graças ao talento. Num dos mais democráticos ambientes da sociedade (o futebol), o Rei conquistou seu espaço, quaisquer fossem sua raça, credo, pensamento e ideia. Escreveu Mário Filho no seu livro ‘O negro no futebol brasileiro’, de 1947:

”Dondinho era preto, preta era dona Celeste, preta vovó Ambrosina, preto o tio Jorge, pretos Zoca e Maria Lúcia. Como se envergonhar da cor dos pais, da avó que lhe ensinara a rezar, do bom tio Jorge, que pegava o ordenado e entregava-o à irmã para inteirar as despesas da casa, dos irmãos que tinha de proteger? A cor dele era igual. Tinha de ser preto. Se não fosse preto não seria Pelé.”

A posição do negro no esporte teve dois aspectos: no primeiro, não tinha vez; depois, ganhou projeção de acordo com sua excelência. Mesmo hoje, a tese de que os campos são igualitários encontra críticos. ”A visibilidade que os atletas negros têm em determinados esportes é fruto não de oportunidades democráticas e, sim, de habilidades aliadas a fatores econômicos”, acredita o compositor e escritor Nei Lopes.

”Esportes como futebol, corridas, basquete não exige grandes investimentos em cursos, equipamentos, materiais. E aí fica mais fácil para os mais pobres, como a maioria dos negros.”

O NEGRO NAS CIÊNCIAS

O NEGRO NAS CIÊNCIAS

Um dos mais importantes pensadores do Brasil, o Professor Milton Santos, dizia:

“O modelo cívico brasileiro é herdado da escravidão, tanto o modelo cívico cultural como o modelo cívico político. A escravidão marcou o território, marcou os espíritos e marca ainda hoje as relações sociais deste país”.

As ideias revolucionárias do geógrafo Milton Santos renderam-lhe, entre um punhado de láureas pela vida, o Prêmio Internacional de Geografia Vautrin Lud em 1993 – espécie de Nobel dessa ciência. O professor emérito da Universidade de São Paulo, USP, tinha como uma de suas convicções que os pobres, por conhecerem a “experiência da escassez”, têm de ser necessariamente criativos para sobreviver. Por esse raciocínio, Milton Santos via nos excluídos os legítimos portadores da “visão do real e do futuro”, pois sentem cotidianamente na pele as mazelas da globalização e do neoliberalismo.

Mas, sem sombra de dúvida, André Rebouças foi um dos mais fantásticos personagens da história brasileira. Rebouças era inventor, político, pensador do abolicionismo, monarquista, engenheiro pela Escola Militar, membro da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, do Clube de Engenharia e do círculo de personalidades influentes como o Visconde de Taunay, o Barão do Rio Branco e do próprio Imperador D. Pedro II.

Foi convocado como engenheiro militar durante a Guerra do Paraguai e a ele deve-se a criação de um dos artefatos militares mais utilizados nos últimos dois séculos: o torpedo. Outras obras que André Rebouças realizou e que lhe conferiram projeção como engenheiro foram as ligadas ao plano de abastecimento de água na cidade do Rio de Janeiro, durante a seca de 1870, a construção das docas da Alfândega, onde permaneceu de 1866 até a sua demissão, em novembro de 1871, e a das docas D. Pedro II.

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