Em um pronunciamento surpreendente nesta quarta-feira, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), defendeu veementemente a recompra, pela Petrobras, das refinarias que foram privatizadas durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Silveira argumentou que essa ação, realizada dentro dos parâmetros do mercado, poderia assegurar o abastecimento de combustíveis no país a preços mais acessíveis.
“É de conhecimento público minha opinião de que a Petrobras deve negociar com aquelas refinarias que foram privatizadas, de modo que, dentro das regras de mercado, ela possa readquiri-las. Isso contribuiria para tornar o Brasil um país mais seguro em termos de suprimento energético, ao mesmo tempo em que beneficiaria os consumidores brasileiros com preços competitivos de álcool, gás de cozinha e óleo diesel”, declarou o ministro Silveira.
Essas palavras ecoaram logo após um evento público onde foram assinados os contratos do mais recente leilão de transmissão de energia elétrica, no Palácio do Planalto. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) também estiveram presentes.
Não é a primeira vez que o ministro Silveira faz tal sugestão. No início deste mês, ele já havia se posicionado a favor da recompra da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), localizada em São Francisco do Conde, na Bahia, após um acordo com o fundo Mubadala Capital, dos Emirados Árabes, que adquiriu a refinaria da Petrobras em 2021.
Silveira enfatizou a importância de o Brasil produzir internamente pelo menos 20% do diesel que importa. Ele destacou a necessidade de a Petrobras expandir a capacidade de suas refinarias para aumentar a produção, que se encontra próxima do limite. Além disso, sugeriu que a estatal poderia aumentar sua capacidade através da recompra de refinarias previamente vendidas.
A Petrobras, atualmente, mantém sob sua administração dez refinarias. Durante o governo de Bolsonaro, a empresa negociou a venda de várias delas, incluindo a Rlam, na Bahia; Reman, no Amazonas; SIX, no Paraná; Lubnor, no Ceará; e Refinaria Clara Camarão, no Rio Grande do Norte. Essas transações fazem parte de um acordo que a Petrobras fechou com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 2019, durante a gestão de Bolsonaro. O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, já expressou sua intenção de revisar esse acordo, o que poderia liberar a empresa da obrigação de vender outras refinarias produtoras de combustíveis.
Até o momento, a Petrobras não emitiu nenhum comentário oficial em resposta às declarações do ministro Silveira.
