Em uma entrevista à Reuters, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, manifestou sua inquietação com a possibilidade de Javier Milei sair vitorioso nas eleições argentinas. O país se prepara para o primeiro turno das eleições presidenciais neste domingo, 22.
Haddad reconheceu que é natural que essa situação o preocupe, destacando as declarações de Milei sobre romper as relações com o Brasil. Esse possível cenário levanta preocupações não apenas pelo governo brasileiro, mas também no âmbito das relações internacionais. O Ministro salientou a importância de não ideologizar as relações internacionais, mesmo quando existem preferências políticas. Ele lembrou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém laços amigáveis com líderes de diferentes espectros políticos e enfatizou a relevância da relação amigável entre o Brasil e a Argentina, destacando que “é um vizinho do Brasil, principal parceiro na América do Sul.” Ele questionou por que o Brasil mereceria um tratamento hostil de um candidato que expressa intenções de rompimento.
Javier Milei, durante a campanha, manifestou a intenção de restringir o comércio com o Brasil, criticou o presidente Lula e indicou a possibilidade de sair do Mercosul, caso seja eleito.
O cenário político argentino está enfrentando meses desafiadores, independentemente do resultado das eleições presidenciais. O país se depara com a necessidade de implementar um forte ajuste fiscal para conter a inflação. Federico Servideo, diretor da Câmara de Comércio Brasil-Argentina, considerou a ideia de dolarizar a economia uma “ilusão,” devido à falta de dólares no país. Ele expressou esperanças de que 2024 possa trazer notícias positivas, incluindo a retomada da produção agrícola.