Polícia detém ex-senador acusado de envolvimento no homicídio de mãe de sua filha
Na madrugada desta segunda-feira (30), a Polícia Militar de Goiás deteve o ex-senador Telmário Mota, suspeito de ter ordenado o assassinato da mãe de sua filha. A prisão ocorreu na cidade de Nerópolis, a 36 km de Goiânia.
A investigação apontou que Mota teria dado a ordem para o homicídio de sua ex-companheira após uma reunião em sua fazenda, a Caçada Real. O desvendamento do caso teve como peça-chave a moto utilizada pelos executores, que teria sido preparada por uma ex-assessora do político.
Antônia Araújo de Souza, 52 anos, foi morta em 29 de setembro, alvejada com um tiro na cabeça ao sair de sua residência em Boa Vista, Roraima. Além de seu suposto envolvimento no homicídio, o ex-senador enfrenta acusações de estupro por uma de suas filhas, sendo que Antônia era uma das principais testemunhas nas investigações sobre esses abusos.
A filha de Telmário Mota, de 17 anos, afirmou que nunca imaginou que seu pai fosse capaz de tais atos, uma vez que tinham um relacionamento próximo. A morte de Antônia ocorreu três dias antes de uma audiência relacionada ao caso de abuso.
Até o momento, a Polícia Civil não divulgou mais detalhes sobre a prisão do ex-senador.
Contexto de Telmário Mota
Telmário Mota, ex-filiado ao Solidariedade e cabo eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro em Roraima, tinha em Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente, um aliado no governo federal para defender os interesses do agronegócio no norte do país. O delegado da Polícia Federal, Alexandre Saraiva, ex-superintendente na região amazônica, apresentou uma denúncia contra o ex-senador, alegando que ele tentou prejudicar a ação policial contra madeireiros. Salles também é mencionado no documento.
De acordo com Saraiva, Mota organizou reuniões com madeireiros locais, representantes do governo estadual, Ministério da Justiça e Ministério do Meio Ambiente, com o objetivo de obstruir uma operação da Polícia Federal.
Em 2020, Telmário Mota apresentou um Projeto de Lei que visava retirar armas dos fiscais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), agentes que frequentemente enfrentam a violência do agronegócio enquanto protegem o meio ambiente.
