A CPI dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) concluiu a fase de depoimentos, e o aguardado relatório, elaborado pelo deputado Hermeto (MDB), será submetido à votação em 29 de novembro, como anunciado pelo presidente da Comissão, Chico Vigilante (PT). Em um desdobramento que aponta para avanços significativos, o presidente destacou a revelação sobre financiadores dos movimentos golpistas.
Chico Vigilante ressaltou, durante a última oitiva realizada em 16 de novembro, que houve progresso nas investigações, especialmente em relação aos financiadores envolvidos na tentativa de golpe. O presidente revelou que a CPI obteve confirmação de que o líder indígena bolsonarista, cacique Serere, foi apoiado financeiramente por ruralistas e empresários, recebendo mais de R$ 85 mil em sua conta.
“Estamos com as provas na CPI desse financiamento para esse grupo em Brasília”, afirmou Chico Vigilante, destacando que responsabilizar os financiadores dos eventos de 8 de janeiro representa um avanço fundamental para a CPI dos Atos Antidemocráticos.
Desafio para Aprovação do Relatório
A aprovação do relatório, crucial para a conclusão da CPI, requer o apoio de quatro dos sete membros titulares da comissão. Além de Chico Vigilante e Hermeto, os titulares incluem Fábio Félix (PSOL), Jaqueline Silva (MDB), Robério Negreiros (PSD) e Joaquim Roriz (PL). A votação se torna um momento decisivo para determinar a eficácia das conclusões apresentadas.
Voto em Separado: Um Possível Cenário
O deputado Fábio Felix, titular da comissão, sinalizou a possibilidade de apresentar um voto em separado, caso o relatório de Hermeto não indique todos os responsáveis pelos atos como indiciados. “Caso o relatório final não cumpra as expectativas e não dê conta da gravidade do que foi o 8 de janeiro, vamos apresentar um voto em separado, com voto alternativo”, adiantou Felix.
Para o deputado Gabriel Magno, mesmo sendo suplente, a apresentação de um voto em separado pode evitar constrangimentos, assegurando que figuras-chave nesse processo de tentativa de golpe sejam devidamente indiciadas.
Depoimento do Chefe de Inteligência da PMDF
O depoimento do coronel da PMDF Reginaldo de Souza Leitão, chefe do Centro de Inteligência durante os eventos de 8 de janeiro, revelou que a corporação tinha conhecimento prévio de comportamentos agressivos de bolsonaristas. O coronel destacou que, entre os dias 7 e 8 de janeiro, foram identificadas centenas de “mensagens agressivas” de manifestantes convocando para os atos na Praça dos Três Poderes.
O depoimento evidenciou que, embora a situação estivesse inicialmente tranquila na manhã de 8 de janeiro, a inteligência identificou um comportamento mais agressivo a partir das 10 horas, incluindo grupos com uniformes camuflados e dispositivos de eletrochoque.