Presidente Ajay Banga Encara a Pressão por Mudanças
O Banco Mundial, uma das instituições financeiras mais influentes do planeta, enfrenta um dilema de proporções globais durante suas reuniões anuais com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O presidente Ajay Banga, no comando há pouco mais de quatro meses, está sob intensa pressão para priorizar o combate às mudanças climáticas. Entretanto, sua missão não se limita apenas a esse desafio colossal.
A necessidade de financiamento da transição climática, estimada em até US$ 3 trilhões (R$ 15,51 trilhões) até 2030 para mercados emergentes e economias de baixa renda, coloca o foco nas mudanças climáticas. Defensores do desenvolvimento instam Banga a transformar o aquecimento global em prioridade nas reuniões anuais do Banco Mundial e do FMI.
Em julho, o G20 recomendou que o Banco Mundial e outros bancos multilaterais de desenvolvimento aumentassem os empréstimos anuais em US$ 260 bilhões (R$ 1,344 trilhão) para atender às necessidades climáticas. A diretora de políticas de desenvolvimento da ONE Campaign, Amy Dodd, destacou a importância de um forte apoio a essa meta.
No entanto, Banga ressalta que o ponto crucial das reuniões será a modificação da “declaração de missão contra a pobreza” do Banco Mundial. Em abril, o Banco Mundial reduziu seu índice de capital em relação aos empréstimos, aumentando os empréstimos em US$ 50 bilhões (R$ 258,56 bilhões) em 10 anos.
No entanto, o verdadeiro desafio reside nas complexas decisões sobre o financiamento. A questão de quanto dinheiro os países estão dispostos a contribuir é central. Clemence Landers, ex-funcionário do Tesouro dos Estados Unidos, expressa ceticismo sobre a possibilidade de um grande avanço no tamanho da instituição.
Por enquanto, os Estados Unidos buscam apoio para as garantias de empréstimo do Banco Mundial, com o presidente Joe Biden impulsionando uma solicitação ao Congresso para aprovar US$ 2,1 bilhões (R$ 10,86 bilhões) em novos financiamentos. A expectativa é que essa medida desencadeie US$ 25 bilhões (R$ 129,28 bilhões) em novos empréstimos em uma década.
Outros acionistas importantes ainda não aderiram à iniciativa dos Estados Unidos. As autoridades britânicas apoiam um aumento de capital, enquanto a Alemanha favorece emissões de capital híbrido. Banga reconhece que a mudança é complexa e exigirá tempo para negociações.
No entanto, os retornos prometem ser significativos. A Fundação Rockefeller estima um aumento de empréstimos de cerca de US$ 900 bilhões (R$ 4,654 trilhões) em uma década se as agências de recomendação modificarem suas avaliações.
Banga, em meio a esse complexo cenário, enfatiza seus esforços para tornar a organização mais ágil e focada em projetos com impactos mensuráveis, visando “consertar o encanamento” de uma instituição que ele mesmo chamou de “disfuncional”.