Desafio Ambiental: Importação de Resíduos Sólidos Ameaça Sustentabilidade Brasileira

0
49

Em uma conversa exclusiva com o renomado pesquisador da Escola Politécnica da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Carlos Alberto Moraes, mergulhamos em uma pesquisa que lança luz sobre um problema ambiental de magnitude nacional. Nesse encontro, inspirado pelos estilos de Clóvis Rossi, Tom Wolfe e Noam Chomsky, apresentamos uma narrativa que desvenda os segredos por trás da importação e exportação de resíduos sólidos no Brasil.

Carlos Moraes, com mais de duas décadas dedicadas à gestão ambiental e reciclagem, aponta para um dilema que é preciso encarar com urgência. O Brasil, na contramão da sustentabilidade, tem importado resíduos que não deveriam cruzar nossas fronteiras, comprometendo nossa capacidade de reciclagem e sustentabilidade. Uma situação agravada pelo fato de que o governo zerou as alíquotas para essa importação. Nesse contexto, a falta de fiscalização é uma peça-chave, com Moraes destacando a dificuldade de verificar o conteúdo dos contêineres que chegam ao país.

A pesquisa, realizada em parceria com a ONG internacional Gaia, traz à tona uma realidade complexa. Os resíduos importados são classificados de maneira genérica, tornando difícil identificar exatamente o que está sendo importado. Essa falta de clareza se estende à exportação, onde materiais que deveriam ser reaproveitados chegam ao Brasil para serem incinerados. Além disso, a importação de resíduos tem crescido, apesar da capacidade do país em reciclá-los.

O governo também reduziu as alíquotas de importação, tornando a entrada desses materiais ainda mais atrativa. Carlos Moraes enfatiza que o Brasil, que recicla apenas 3% de seus resíduos, deveria redirecionar seus esforços para a triagem e reciclagem desses materiais, em vez de importá-los. Ele argumenta que o país possui a tecnologia e as cooperativas de triagem necessárias para isso.

Ao abordar a questão do desperdício, Moraes destaca que a indústria, o comércio e o poder público precisam investir mais, conforme preconiza a política nacional de resíduos sólidos de 2011. Essa política prevê a implementação da logística reversa e a responsabilidade estendida do produtor.

No entanto, ele aponta que a gestão e a vontade política são os principais desafios. Moraes apela para a separação adequada dos resíduos, especialmente dos compostáveis, que poderiam ser reaproveitados em vez de serem enviados para aterros sanitários. Ele alega que a falta de educação ambiental é um problema crítico e que as prefeituras devem incentivar as cooperativas de triagem.

Porto Alegre é citada como exemplo, onde políticas públicas equivocadas resultaram na perda de oportunidades para a coleta seletiva. O uso inadequado de contêineres e a falta de legislação eficaz também são apontados como erros que levaram a uma situação insustentável, com materiais recicláveis indo parar em aterros sanitários.

Em meio a essas falhas, as cooperativas de catadores se destacam como prestadores de serviços ambientais que merecem reconhecimento e apoio. Elas possuem o conhecimento necessário para fazer a triagem adequada, mas enfrentam dificuldades devido à falta de valorização de seu trabalho.

Essa pesquisa revela um desafio ambiental crítico no Brasil, exigindo ação imediata para redirecionar o país para um caminho de sustentabilidade e gestão adequada dos resíduos.

O que você achou disso?

Clique nas estrelas

Média da classificação 0 / 5. Número de votos: 0

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.



Deixe uma resposta