No coração da tragédia em Gaza, onde os horrores da guerra são uma realidade diária, um cirurgião britânico descreve o que talvez seja o cenário mais desolador de todos – o leito de uma criança ferida que não tem mais uma família para cuidar dela.
O cirurgião plástico e reconstrutivo, Ghassan Abu Sittah, atualmente presta serviço no Hospital al-Shifa, na cidade de Gaza. Em suas próprias palavras, “Não há lugar mais solitário no mundo do que a cama de uma criança ferida que já não tem família para cuidar dela.”
Gaza tem sido alvo de bombardeios constantes, com devastadoras consequências humanitárias. Os ataques lançados por Israel após o ataque do Hamas deixaram um rastro de destruição. Até o momento, estima-se que tenham ocorrido mais de 3.300 mortes e 13.000 feridos, de acordo com a ministra da Saúde palestina, Mai al-Kaila.
O que torna essa tragédia ainda mais dolorosa é o fato de que aproximadamente 40% dos feridos que chegam ao Hospital al-Shifa são crianças. Abu Sittah descreve os ferimentos como resultado de explosões, incluindo horríveis lesões causadas por estilhaços e queimaduras.
O cirurgião chama a atenção para um fenômeno terrível que se tornou comum em Gaza – crianças feridas que perderam toda a família. Abu Sittah conta casos em que crianças foram as únicas sobreviventes de suas famílias após os bombardeios.
A situação é desoladora, e organizações internacionais já preveem que o número de crianças órfãs devido a esta guerra será significativo. Essas crianças enfrentarão uma longa jornada de recuperação, enfrentando o trauma, o estresse pós-traumático e a depressão.
Caroline Hausmann, diretora da CFAB, uma organização internacional que ajuda órfãos vítimas da guerra, destaca a importância de conectar essas crianças às suas famílias, independentemente das circunstâncias. Ela enfatiza que a perda dos pais devido à guerra é uma experiência profundamente traumática.
Enquanto a situação humanitária em Gaza se deteriora, há uma crescente demanda por apoio psicológico e social para as crianças afetadas pelos ataques. Com o aumento do trauma e do estresse, a necessidade de cuidados e apoio é urgente.
O cirurgião Ghassan Abu Sittah, que se dedica a salvar vidas em meio a esse conflito, enfrenta desafios pessoais enquanto sua família no Reino Unido é alvo de interrogatórios por parte das autoridades. Ele considera essas ações uma tentativa de assédio, enquanto continua sua missão humanitária.
No meio da tragédia em Gaza, as histórias de sobrevivência e resiliência das crianças órfãs se destacam, um testemunho silencioso da necessidade urgente de paz e esperança na região.
