Uma situação humanitária desesperadora ameaça 28 brasileiros, incluindo uma idosa e 15 crianças, que se encontram na Faixa de Gaza. Diplomatas que acompanham de perto a situação emitiram um alarmante alerta: essas pessoas enfrentam a possibilidade de morrer de fome caso as tentativas de evacuação do território pela fronteira com o Egito não tenham sucesso.
Os relatos recebidos pelo governo brasileiro indicam que os estoques de comida da Unrwa, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina, durarão apenas mais quatro dias. Essa agência é a fonte de suprimentos alimentares para os brasileiros na região.
Em tempos normais, a Unrwa obtém alimentos por meio de doações, incluindo do Brasil. No entanto, devido ao bloqueio de Israel sobre a Faixa de Gaza, as entradas de comida foram bloqueadas durante o conflito, e a ajuda humanitária não está chegando aos necessitados.
Israel declarou que não fornecerá eletricidade, comida e até água para Gaza enquanto o Hamas mantiver reféns na região. O ex-presidente Lula enviou uma carta pedindo a Israel a criação de corredores humanitários para a saída dos civis de Gaza e para a entrada de suprimentos alimentares. Outros países, como o Egito, também pedem segurança para a distribuição de ajuda humanitária em Gaza, mas até o momento, esses apelos não obtiveram sucesso.
“Sim, eles vão morrer de fome”, disse um diplomata sob a condição de anonimato.
O grupo de brasileiros, que inclui crianças, está alojado em uma escola católica. O governo brasileiro fez um apelo a Israel para evitar bombardeios nesse local.
Apesar das dificuldades, as crianças continuam agradecidas. Um vídeo mostra Bader, de 11 anos, elogiando a escola e expressando o desejo de voltar ao Brasil. Ele agradece pela segurança que encontrou na escola e compara a situação em Gaza com a segurança que espera encontrar no Brasil.
As condições desses palestinos brasileiros que tentam retornar ao Brasil são drasticamente diferentes das dos brasileiros que estavam em Israel e já embarcaram de volta em voos da FAB (Força Aérea Brasileira). Os brasileiros na Faixa de Gaza não são turistas e enfrentam dificuldades financeiras, já vivendo em situações de extrema carência.
O governo brasileiro tem buscado ativamente negociar com o Egito a passagem desses brasileiros pela fronteira do país árabe com Gaza. No entanto, o Egito reluta em cooperar, temendo uma onda de palestinos cruzando a fronteira e se tornando refugiados. A situação piorou ainda mais com os bombardeios de Israel na cidade de Rafah, por onde os brasileiros precisariam passar.
