Analisando o Conflito em Gaza: Uma Reflexão sobre o Uso do Termo “Terrorismo”

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O Oriente Médio continua sendo palco de um conflito devastador que coloca em xeque a própria definição do termo “terrorismo.” Desde domingo, a contraofensiva de Israel aos ataques do Hamas resultou na morte de mais de mil palestinos, segundo informações do Ministério da Saúde de Gaza.

O que se vê são imagens chocantes de um verdadeiro massacre na Palestina, com bombardeios intensos que parecem ignorar qualquer critério militar, respondendo apenas à urgência percebida pelo governo de Benjamin Netanyahu. Com milhares de prédios e casas destruídos por bombas, a interrupção de serviços essenciais, como energia, água, combustível e alimentos, a população palestina enfrenta dias de terror. Surge, então, a pergunta: o Estado israelense pode ser considerado um Estado terrorista?

Para entender essa questão complexa, ouvimos especialistas que destacam a importância da definição do termo e da correlação de forças envolvidas. O professor de Relações Internacionais da PUC-SP, Reginaldo Nasser, explica que “terrorismo é o ato de matar civis com o intuito de enviar uma mensagem para outros, gerando terror. Nesse sentido, o Estado nunca é classificado como terrorista, pois a classificação se remete ao ator, não ao ato.”

Nasser propõe uma abordagem que enfoca o ato em vez do ator. Ele argumenta que não se deve classificar o Estado de Israel como terrorista, mas sim que é um Estado que pratica o terrorismo. O mesmo raciocínio pode ser aplicado a grupos como o Hamas, que em determinados momentos podem ser associados a atos terroristas, mas não necessariamente rotulados como terroristas.

Rodrigo Gallo, coordenador da pós-graduação em Política e Relações Internacionais da FESPSP, observa que o “terrorismo de Estado pressupõe que um governo estabeleça um regime que dissemina terror contra uma parte de sua população.” Ele destaca que isso envolve repressão policial, cerceamento de liberdades individuais, censura e privação de acesso a recursos básicos, entre outros.

Quanto a aplicar o conceito a Israel, Gallo reconhece as complexidades. “É difícil chamar Israel de terrorista, pois o Estado de Israel não se autointitula como tal. Além disso, Israel é um aliado de países ocidentais com poder político, econômico e militar significativo, o que dificulta a classificação de Israel como Estado terrorista.”

Este debate crucial nos faz questionar não apenas a situação no Oriente Médio, mas também como definimos e aplicamos termos como “terrorismo.” É uma questão que demanda reflexão e análise criteriosa, especialmente em um mundo onde o conflito e a violência parecem se tornar mais difundidos e complexos.

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