A Persistente Desigualdade nos EUA: Um Perigo para a Democracia

0
48

Nos Estados Unidos, a pandemia da COVID-19 pode ter acabado, mas uma ferida social persiste e se aprofunda: a desigualdade. Principalmente nas grandes cidades, como Nova York, Miami e Atlanta, essa disparidade econômica se tornou mais visível e preocupante do que nunca. A recente classificação de Manhattan como a área mais desigual do país é um lembrete impactante desse problema crescente.

A situação nas grandes cidades reflete um sistema de dois níveis, onde existem empregos que oferecem salários competitivos, benefícios e estabilidade, enquanto uma grande parcela da população luta com empregos mal remunerados e condições de trabalho precárias. Omar Ocampo, representante da Inequality.org, enfatiza a necessidade de questionar por que esses empregos de baixa remuneração persistem, especialmente considerando que os trabalhadores são os verdadeiros motores da riqueza e do sucesso das empresas.

Em Nova York, em particular, a disparidade de renda é chocante. Segundo dados da Social Data, analisados pelo New York Times, os 20% mais ricos desfrutam de uma renda anual média de mais de US$ 550.000, enquanto os 20% mais pobres têm que sobreviver com menos de US$ 11.000 por ano, o que equivale a apenas 2% da renda dos mais abastados. Essa diferença de 53 vezes é uma realidade perturbadora e uma afronta à promessa de igualdade e oportunidade.

A desigualdade nos Estados Unidos não é um problema novo. É um problema que se aprofundou nas últimas décadas, especialmente durante os anos 80, quando o governo republicano liderado por Ronald Reagan enfraqueceu os sindicatos e minou os direitos trabalhistas. Esse período de contrarrevolução e ascensão do neoliberalismo teve um impacto duradouro na sociedade americana, estabelecendo as bases para a desigualdade que vemos hoje.

A desigualdade não afeta apenas a divisão entre os mais pobres e a classe média, mas também a crescente diferença entre a classe média e os super-ricos. Os estados mais desiguais atualmente são Nova York, Connecticut e Califórnia, onde a presença dos super-ricos é notória. O pesquisador David Jacobs, especialista no tema, enfatiza que a desigualdade é uma questão de escolhas políticas e que as políticas de apoio às camadas mais vulneráveis podem reduzir essa distância.

A desigualdade de renda tem implicações diretas na esfera política. Aqueles com mais recursos financeiros têm mais influência sobre as decisões políticas, minando a confiança da sociedade na democracia. Isso não é exclusivo dos Estados Unidos, mas uma característica comum em sociedades capitalistas. Pesquisas demonstram como os super-ricos influenciam as políticas por meio de doações de campanha e lobby, corroendo a integridade do sistema democrático.

David Jacobs acrescenta que parte do apoio a figuras políticas como Donald Trump pode ser atribuída à frustração dos estratos médios e trabalhadores de áreas afetadas pela desindustrialização. Essa frustração é um terreno fértil para a ascensão de líderes que desafiam os princípios democráticos.

A desigualdade, portanto, não é apenas um problema econômico, mas um desafio para a democracia. É um lembrete de que a luta pela igualdade e justiça econômica é essencial para a manutenção da democracia e da liberdade.

O que você achou disso?

Clique nas estrelas

Média da classificação 0 / 5. Número de votos: 0

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.



Deixe uma resposta